Visceral
Uma caixa de Pandora
Uma surpresa por dia, ou várias
Contigo era sempre mais e mais e mais
Era sempre navalha na carne
Os teus sentimentos eram extremados
Ficava tonto antes da tua chegada
Sua alma, sua energia chegavam antes de ti
Teus movimentos te anunciavam, antecediam os teus passos
E não havia quem não te percebesse
Não havia quem não te consumisse
Nada ficava de pé depois da tua passagem
Temporal
Terremoto
Você era todas as catástrofes num só ser
Você juntava em ti todos os signos
Você era tudo e mais um pouco
Você era a mais poderosa força da natureza
Eu amava o teu jeito de amar
Exagerado
Contigo não tinha meio termo
Era literalmente 80 ou nada
Você era rock n roll
Jamais te dançaria como uma valsa calma e ritmada
Você era desconcertante e envolvente
Você dançava a sua moda e vontade
Você amava de olho fechado e coração escancarado
Eu ficava jogado aos teus pés
Você era escandaloso
Libertino e libertário
Suas definições passavam longe de qualquer silêncio ou calmaria
Você era gritaria
Você era pé na porta
Calamidade exposta
Eu amava o teu jeito de amar
Te odiavam os que não te alcançavam, os que não te entendiam
Você era feliz, isso incomodava muito
Você era gigante
Seu coração era maior que o peito
Nele, cabíamos todos
Você não sentia pouco
Partilhar do teu amor era como uma volta de montanha-russa
Sem freio
Poucas vezes te vi escondendo o que sentia
Quase nunca
Você se vestia do que sentia
Nu, você também dizia muita coisa
Era tão fácil te decifrar, porém difícil de te acompanhar
Esfuziante
Eu amava o teu jeito de amar
Calor
Você era entrega
Você era contato
Você era presença
Você amava com os poros, com os olhos
Do fio do cabelo até o mindinho
E tudo que ficava no meio também
Você exalava desejo… pela vida
Você não se contentava com o amor carnal apenas
Você sentia de todas as formas
Você era solar
Você largava tudo para trás quando o propósito era o amor
O amor era uma prioridade incontestável, inviolável e inegociável
Seus amores nunca passaram ilesos por suas avalanches e por seus tremores
Você sacudia quem ousassem cruzar seu caminho
Eu amava o teu jeito de amar
O teu amor era subversivo
Você não diferenciava, você juntava
Você não selecionava, nem discriminava
Você aglutinava
Muitos não souberam lidar com tudo o que você era
Você não cabia em você próprio
Era tudo sempre muito
Tem gente que não está mesmo acostumada a receber tanto
Ficam até perdidas, desnorteadas
Você amava diversamente e deliberadamente
Você não precisava de autorização, você amava e ponto
Você não media o amor
Você simplesmente amava
Altruísta
Você só amava
Essa era a sua arte: AMAR
Eu amava o teu jeito de amar
Era uma profusão de tudo que o amor, de fato, pode prometer e proporcionar
Você amava cegamente, doesse a quem doesse
Teu amor era puro sem duplo sentido
Teu amor era cru
Teu amor era direto
Teu amor era como uma flecha certeira
Teu amor não era piada, era verdade
Teu amor era factual
Nem você sabia a força que teu amor tinha
Você apenas exalava o que de ti brotava intensamente, incessantemente, naturalmente
Você amava e ponto
Era um amor sem explicação
Eu amava o teu jeito de amar
Por isso, hoje, eu choro
Sinto falta
Porque não sei se terei algo parecido na vida, um dia, outra vez
Não sinto falta apenas de ti
Sinto falta daquilo que brilhava na tua retina quando a gente se olhava
Do teu entusiasmo, da tua cara de contente
Você era feliz por nada e por tudo
Sinto falta não somente da tua matéria, mas da tua energia
Era o que mais me extasiava
Eu era pleno somente de saber que você estava por perto
Hoje, eu choro não por saber que você se foi para longe
Longe, onde eu não consigo mais te alcançar,
Eu choro por esse buraco na alma que você deixou
Talvez, nem mesmo você quisesse ter ido tão cedo
Não era uma questão de escolha
Você me foi tirado de supetão
Nem me disse adeus
Logo eu, que sempre te acompanhei
Hoje, faço uma forca enorme para sorrir
Quando rio, rio de ti, das tuas lembranças
Eu amo rir do teu jeito imenso de amar
Como eu amava o teu jeito de amar.