Levou tempo
Mas eu te zerei
Fui fundo na carne
Fui até onde pensei que não te acharia mais
Mas eu te alcancei
Você estava lá, no fundo de mim
Eu te achei, escondido debaixo de várias (de todas) camadas da minha alma
Você estava em mim que nem bicho de pele
Escorregadio, nas entranhas e sorrateiro
Sangrei
Chorei
Mas eu te zerei
Eu te tirei de mim
Tô vivo, eu sei! Mas sabe Deus como…
Maltrapilho e desnorteado
O tanto que eu pedi para não existir mais
Mas antes eu te matar em mim do que eu morrer para o mundo
Ao menos, dentro de mim, você já não existe mais
Eu já te esqueci
E hoje você e quem jaz num canto escuro de um passado longínquo
Eu te apaguei como quem apaga uma conta errada na prova de matemática
Eu te coloquei no fundo da gaveta da memória
Esquecido e enjaulado
Sem chaves
Você e os teus recortes
Você e os seus destroços
Sem chances
Não voltarei a botar meus olhos na tua existência
Prefiro a cegueira de uma vida sem amor e sem romance a ter de te reencontrar
Troco de calçada, se necessário for
Troco de país
Troco de vida
Tive de escolher
Ou era eu ou era você
Eu sobrevivi a você
Por um triz, eu não me deixei pra trás
Foi por pouco, muito pouco
Mas eu já te esqueci
E não me renunciei
Não torne a me procurar
Eu já não mais te acho
Você foi a minha melhor perda
Eu comemoro por não te ter mais, hoje em dia
Faça-me um favor, saboreie os seus dias sem saber quem eu fui
Se é que eu fui alguém, um dia, para você
Só não me dirija mais os pensamentos
Porque eu já te esqueci, de verdade
Não pretendo corresponder a quaisquer outros estímulos ou vibrações advindas do teu corpo
Prefiro a insanidade ao teu toque
Prefiro a falência do meu ser ao teu amor torto de novo
Prefiro a solidão à tua boca
Prefiro a morte, matada ou morrida
Prefiro a mim e os meus dias sem você
E lembre-se sempre, eu já te esqueci