Se tristeza tivesse um nome, certamente, hoje, seria o meu
Sinto, em mim, um vale de angústias
Questiono minhas escolhas
Odeio todas as consequências
Tenho medo de tudo
Como foi que eu cheguei até aqui?
Sinto uma solidão de alma
E dói, dói muito
Dilacerante
Não combino com mais nada nem com ninguém
Naufrágio de um homem só
Sigo a deriva
E em derrota
E não peço socorro
Respiro, afogo
Respiro de novo, afogo
Levanto os braços, mas continuo afogando
Ninguém me vê
Afogo
Quero vencer esse mar de tristeza sem fim
Mas eu sinto que estou me perdendo dentro dele
Não avisto a costa, ninguém por perto
Visto do alto, eu sou um minúsculo ponto solto na imensidão de um oceano obscuro e sem fim
Na verdade, nem preciso afastar tanto o meu olhar para perceber que de perto eu me sinto do mesmo jeito, ou ainda pior
Saturação
Eu não aguento mais
Eu não me aguento mais
Não aguento mais o que acumulei dentro de mim durante esses anos todos
Eu estou a um triz de transbordar:
Em lágrimas, em desespero, de solitude, de desamor, de rechaço, de raiva, de tudo … e de mim também
Fujo do mundo, mas não fujo de mim
Onde eu vou, lá eu estou
E com aquela mesma bagagem pesada de sempre
Talvez eu seja o meu maior mal
O meu maior inimigo
O meu maior algoz
Sinto uma pena imensurável de mim mesmo
Largo as esperanças e me apego a tudo que é menos importante
Faço dessas desimportâncias minhas cruzes e meu norte
Meus ferimentos só aumentam
Eu não aprendi ainda a me aliviar
Eu me penalizo constantemente
Eu não me perdôo
Tento sair, não pensar
Tento apagar
Redireciono o olhar
Só assim me livro do inevitável
Mas quando me dou conta, tudo me confronta de novo e eu me desfaço em lástimas
Vou vivendo entre turbilhões e rajadas de ventos
E me deparando com tudo aquilo de novo
Desabo em mim
Pinto-me das cores mais turvas possíveis
Meus pensamentos se confundem e se borram em cores diversas que não se combinam
Meus traços e rabiscos não fazem mais o menor sentido
Perco a vontade facilmente
Eu minto para mim
Não vivo o dia, nem as noites
Por eles, eu passo sem existir
Ninguém sente a minha falta e vice-versa
Tropeço nos meus próprios calcanhares
Eu não consigo seguir
Eu me interrompo todas as vezes e sempre
Deixo que me maldigam
Eu me maltrato e me afogo mais uma vez
Eu não me dou tempo
Eu não quero mais ter tempo
Faz tempo que não sonho mais
Uso o sono e as noites como fuga
Talvez seja hora de dizer adeus
Já nem sei mais o que penso ou o que falo
Não me levem tão a sério
Apenas me deixem só
Eu preciso pensar
Eu devo estar enlouquecendo de tanto sangrar
O que eu sinto é um puro caos
Hoje eu me chamo tristeza e eu não tenho um nome