Tristeza (Meu Nome)
Tristeza (Meu Nome)

Tristeza (Meu Nome)

Se tristeza tivesse um nome, certamente, hoje, seria o meu

Sinto, em mim, um vale de angústias

Questiono minhas escolhas

Odeio todas as consequências

Tenho medo de tudo

Como foi que eu cheguei até aqui? 

Sinto uma solidão de alma

E dói, dói muito

Dilacerante 

Não combino com mais nada nem com ninguém 

Naufrágio de um homem só 

Sigo a deriva 

E em derrota

E não peço socorro

Respiro, afogo

Respiro de novo, afogo 

Levanto os braços, mas continuo afogando

Ninguém me vê

Afogo

Quero vencer esse mar de tristeza sem fim

Mas eu sinto que estou me perdendo dentro dele

Não avisto a costa, ninguém por perto

Visto do alto, eu sou um minúsculo ponto solto na imensidão de um oceano obscuro e sem fim

Na verdade, nem preciso afastar tanto o meu olhar para perceber que de perto eu me sinto do mesmo jeito, ou ainda pior

Saturação 

Eu não aguento mais

Eu não me aguento mais

Não aguento mais o que acumulei dentro de mim durante esses anos todos

Eu estou a um triz de transbordar:

Em lágrimas, em desespero, de solitude, de desamor, de rechaço, de raiva, de  tudo … e de mim também 

Fujo do mundo, mas não fujo de mim

Onde eu vou, lá eu estou

E com aquela mesma bagagem pesada de sempre 

Talvez eu seja o meu maior mal

O meu maior inimigo 

O meu maior algoz

Sinto uma pena imensurável de mim mesmo

Largo as esperanças e me apego a tudo que é menos importante 

Faço dessas desimportâncias minhas cruzes e meu norte

Meus ferimentos só aumentam

Eu não aprendi ainda a me aliviar 

Eu me penalizo constantemente 

Eu não me perdôo 

Tento sair, não pensar 

Tento apagar

Redireciono o olhar

Só assim me livro do inevitável 

Mas quando me dou conta, tudo me confronta de novo e eu me desfaço em lástimas

Vou vivendo entre turbilhões e rajadas de ventos

E me deparando com tudo aquilo de novo

Desabo em mim

Pinto-me das cores mais turvas possíveis

Meus pensamentos se confundem e se borram em cores diversas que não se combinam

Meus traços e rabiscos não fazem mais o menor sentido

Perco a vontade facilmente

Eu minto para mim

Não vivo o dia, nem as noites

Por eles, eu passo sem existir

Ninguém sente a minha falta e vice-versa

Tropeço nos meus próprios calcanhares 

Eu não consigo seguir

Eu me interrompo todas as vezes e sempre

Deixo que me maldigam

Eu me maltrato e me afogo mais uma vez

Eu não me dou tempo

Eu não quero mais ter tempo

Faz tempo que não sonho mais 

Uso o sono e as noites como fuga

Talvez seja hora de dizer adeus

Já nem sei mais o que penso ou o que falo

Não me levem tão a sério

Apenas me deixem só

Eu preciso pensar

Eu devo estar enlouquecendo de tanto sangrar

O que eu sinto é um puro caos

Hoje eu me chamo tristeza e eu não tenho um nome

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