Memórias
Memórias

Memórias

Já me deixei invadir por todos os medos

Já me fiz de forte e outras vezes não suportei

Admito, que por vezes sucumbi

Sofri

Retrocedi

Apanhei

Caí

Levantei-me

Apanhei de novo 

Houve tempos em que até me escondi devido o cansaço 

Já tive pavores imenso de coisas enormes

Mas já temi coisas pequenas também

Por vezes, morria sem saber como enfrentar

Mas depois eu ressuscitava

Dos meus maiores temores, digo não suportar a ideia de não me lembrar de quem um dia eu fui

Deixar de saber de mim e dos meus

Esquecer por onde passei, de onde fui feliz

Perder num fundo de gaveta qualquer os rostos e bocas pelos quais um dia eu me apaixonei

Levem tudo de mim, menos as minhas lembranças 

Deixo de comer, beber, transar

Liberto-me de todas as satisfações mundanas 

Porém não me tirem as lembranças 

Não me privem das minhas saudades

Não me rasguem as fotos, por mais distorcidas e descoloridas que elas estejam

Preciso mantê-las vivas, só assim eu permanecerei vivo também 

Não saberia lidar somente com o tempo no presente, já não tenho mais muitos dias pela frente

Até o meu último minuto gostaria de poder me lembrar de cada quadro de imagem que os meus olhos tenham registrado até hoje 

Eu morreria em vida sem as minhas memórias

São as minhas relíquias, o meu tesouro

Tudo que lucrei ao longo dos anos foi através das minhas recordações 

Eu vivi, apostei e investi em momentos justamente para que eu pudesse, ao fim da vida, desfrutar das minhas memórias 

Tudo que consegui juntar no meu tempo de vida são as minhas histórias

Belas ou não, mas, hoje, são todas minhas e as quero por tempo indeterminado

O que seria de mim sem tudo aquilo que vi e vivi? 

Quero os registros dos meus passos intactos 

Quero poder lembrar das minhas vitorias e derrotas, lagrimas, sorrisos, dessabores e conquistas

Quero poder me recordar dos meus carimbos e pedágios, das minhas passagens, dos meus retornos, dos meus pedaços, dos meus retalhos…

Não saberia viver sem reconhecer os que me tiveram amor

Troco meus anos restantes se tiver de vive-los sem a imagem dos meus amigos

Quero viver enquanto houver lembrança de mim e dos meus tempos, ainda que vagamente

Morreria lentamente se tudo virasse um vulto uniforme e irreconhecível dentro da minha cabeça

Não vejo vida à frente sem ser grato ao que deixei lá atrás

Quero poder lembrar para ser grato

Quero poder rever os meus tantos “eus”

Quero poder me perdoar e me celebrar

Quero poder me reencontrar e me revisitar sempre quando possível, ou necessário

Quero poder rir e chorar com as minhas memórias 

Arranquem-me tudo, arranquem-me a carne, mas não me tirem as memórias 

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