Recuso-me acreditar em padrões
Recuso-me a atestar, sob o olhar do outro, uma suposta anomalia
Recuso-me a constatar que eu seja um erro, ou que eu “não dei certo” e que o meu jeito de amar é reprovável e diabólico
Eu sou legítimo
Eu sou real
Eu sou divino, maravilhoso
E eu sou quem eu puder e quiser ser
Eu não tenho cercas, tampouco o meu amor
Eu avanço toda vez que meu amor me permitir, quantas vezes me forem possíveis
Meu amor é contínuo e ele acelera
Meu amor tem pressa
Meu amor não para
Meu amor não é de mentira
Meu amor é brando e abrangente
Eu amo com intensidade, toda vez que digo sim
Eu amo esse, eu amo aquele e eu amo você também
Meu amor não vê pele
Meu amor vê alma
Meu amor vê intenção
Eu vejo gente
Eu vejo todos
Meu amor reclama porque ele quer ser visto, amado e respeitado também
Meu amor só quer existir
Ele resiste e insiste
Meu amor é abraço
Meu amor é afago
Meu amor é aceno
Meu amor precisa de espaço
Já cansei de não ser validado
Não posso mais aceitar ser quebrado
Até aqui, vivi pela metade
Fui enganado
Desacreditado
Desmerecido
Achincalhado
E menosprezado
Zombaram de mim e do meu amor
Meu amor já foi motivo de piada
Para alguns poucos e tolos, ainda o é
Eu os perdoo, eles não sabem o que dizem
Mesmo assim, continuam a dizer maledicências
Mas eu sei o que sinto
E o que sai de mim é majestoso
Eu tenho ORGULHO
É chegada a hora do levante
Recuso-me a recuar
Não quero nada além do que você também pode ter ou do que você já possui
Quero usufruir dos mesmos privilégios
Quero não ter mais medo
Quero poder ir às ruas
Quero ser tudo aquilo que meus sonhos me permitirem ser
Não quero ter de te corresponder a anseios de terceiros a ponto de deixar de ser quem eu sou
Quero ser livre e quero que você também o seja
Quero prosperar
Quero fazer parte
Não quero ter de me calar
Cansei de ter o peito esmagado
Eu vou dizer o que se passa aqui dentro todas as vezes que você ousar a me oprimir
Esse mundo é seu, mas ele sempre foi meu também
Ou você aprende a conviver comigo, ou ambos não teremos descanso
Eu prefiro mil vezes a paz, nunca fui de guerra
Eu só quero amar
Eu só quero que você compreenda o meu amor
Não vou mais caber dentro de formas, nem mesmo de armários
Abriremos todos esses armários
Não sou cabide e também não sou um simples trapo
Meu amor não tem jeito certo, nem errado
Meu amor não é e nem nunca será desvio
Eu sou caminho
Eu sou estrada
E eu nunca estive perdido
Sei para onde vou e sei por onde prosseguir
Sei bem o que buscar
Não vou mais permitir esconderijos e máscaras para velar o que te aborrece
Se minha liberdade te incomoda, pois que você me faça a gentileza de se retirar
Eu me nego a esconder o meu amor
Eu me recuso a pôr o meu amor debaixo do tapete mais uma vez
Eu não vou fingir não amar por conta da sua intolerância
O seu discurso já não me inibe mais
Nem sua agressividade
Não haverá mais nenhum passo atrás
Agora é somente daqui por diante
Meu amor não é desviante, inadequado, maldito ou inapropriado
Você que nunca soube olhá-lo da forma correta
Você que nunca soube libertar o amor