Pelo contrário, eu te agradeço
Por todos os infortúnios que passei, eu te agradeço
Eu te agradeço por me fazer enxergar de novo
Eu estava cego
Eu te agradeço por me fazer enxergar você, principalmente
Eu pensei que te conhecesse bem
Eu só conhecia parte do que você inventou
Conheci aquilo que você quis que eu acreditasse,
Conheci aquilo que você queria que eu soubesse
Nada era, de fato, de verdade
Em parte, também tenho culpa nisso tudo
Acreditei no que eu criei de você
E me alimentei dessa versão fantasiosa
Criei história, montei cenários …
Em vão.
Acreditei na tua falácia
Você me convenceu sobre eu ser a sua mais louca e certa jornada
Você me pegou pela mão, corremos juntos, até onde você quis
E depois você largou
E eu fiquei te vendo, de longe, se distanciar
Estranhei e quando me dei conta
Você já estava pequenino no horizonte, quase imperceptível
Eu comi poeira, fiquei para trás
Eu me tornei coadjuvante do teu espetáculo de horror
Joguei inocentemente o teu jogo
Você me movimentou ao teu bel-prazer
Posso sentir o teu sarcasmo por detrás de cada ação
Você me manipulou
E eu caí, apaixonadamente
Não percebi de imediato
Você armou tudo minuciosamente
Usou e abusou do meu amor, descaradamente
Sucateou cada pedaço daquilo que eu havia te reservado
Insensivelmente
Acredite, eu não te odeio
Apesar de tudo, sigo acreditando no que criei
De mim, foi genuíno e real
Aquele sentimento era mais meu do que seu mesmo
Agora terei apenas de ressignifica-lo
Dar-lhe um novo valor, uma nova direção
E acredite, eu não te odeio